sexta-feira, 10 de abril de 2015

PAPO COM QUEM ENTENDE: A IMPORTÂNCIA DE BONS CRUZAMENTOS, POR ADERSON COUTO

Desde o inicio do movimento de profissionalização da vaquejada e ainda mais comum nos dias atuais, afastando inclusive qualquer reflexo de crise econômica, está cada vez mais comum a comercialização de indivíduos diferenciados por somas significativas. Dentro de todas essas comercializações existe algo em comum, chama-se “Genética”.

O investimento em genética é sem duvida, na era atual, o maior investimento do criador Quarto de Milha para vaquejada. Existem diversas explicações, as quais não são foco desse artigo e que poderemos discorrer em uma outra oportunidade. Porém, a falta de foco em genética no passado para um esporte centenário, talvez seja uma das principais explicações para o movimento atual. É como se os criadores tivessem acordado para necessidade do estudo e conhecimento dos indivíduos que deram certo e somente com esse conhecimento conseguiriam produzir novos indivíduos. Imagine um esporte que existe há quase 100 anos, onde o maior astro é o cavalo, e que somente voltou sua atenção a análise genealógica de seus principais atores na última década.

Todo esse cenário alinhado a fortes raízes culturais e sobretudo a paixão por um esporte democrático e genuinamente regional fez com que a vaquejada se tornasse atualmente o maior esporte consumidor de cavalos quarto de milha do país. 

Neste cenário, ganha importância a necessidade de um planejamento genético especifico para a criação de indivíduos que atendem aos anseios dos criadores, competidores e admiradores do esporte.

Considerando que vaquejada, dentre todas as outras modalidades de trabalho existentes, é a mais consumidora de tempo e, por conseguinte, também de recursos, haja visto que o tempo mínimo para inicio de competição de um individuo dura um prazo razoável, a importância deste planejamento genético ganha ainda mais relevância.

A exemplo disso, um jovem garanhao de 05 anos, se tiver êxito em sua produção, somente verá o início da campanha de seus filhos em pista após um prazo de no mínimo 04 a 05 anos, isso na melhor das hipóteses, ou seja, trazer a probabilidade de linhagens conhecidas a seu favor, bem como, estudar com o devido cuidado as características de cada cruzamento passa a ser quase uma obrigação. 

O PLANEJAMENTO GENÉTICO, além de ser criteriosamente elaborado. Deve também ser um procedimento dinâmico aprimorado a cada ano e deve possuir em seus pilares dois fatores principais: o Genótipo e o Fenótipo. 

O Genótipo refere-se ao padrão genético do individuo, baseado nas características que se encontram em sua linhagem através de sua árvore genealógica, como aptidão física e atlética, velocidade, senso de boi (cowsense), resistência, temperamento, docilidade, adaptabilidade e maneabilidade. 

O Fenótipo por sua refere-se ao seu aspecto físico, incluindo o porte, o peso, os conjuntos físicos, pelagens e aprumos.

Se produzir um cavalo de boi já é um desafio, imagine a produção de cavalos bons, em uma pelagem diferenciada e com as características físicas desejadas por todos.

Pois bem, a busca incessante de todas essas características, unidas a um desempenho acima da media, faz com que a demanda seja involuntariamente superior a demanda.

Sucesso a todos os criadores e boa sorte em seus cruzamentos.

Aderson Uchoa Couto é administrador de empresas e contador, especializado em finanças corporativas pela UFRJ, vaqueiro amador e há mais de 10 anos se dedica à criação de quarto de milha de vaquejada. Junto com seu irmão Felipe Couto lideram o Rancho dos Irmãos, situado em Caucaia e no Cariri Cearense.

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